O ROMANCE PSICOGRÁFICO DE CHARLES DICKENS

Charles Dickens foi, na opinião da Enciclopédia Britânica, talvez o maior romancista inglês e, sem dúvida alguma, o mais popular de seu tempo. Os títulos de seus livros formam uma lista de sucessos: “Pickwick Papers”, “Oliver Twist”, “A Christmas Carol”, “The Chines”, “David Copperfield”, “A Tale of Two Cities” e outros. Um dia, seu amigo Willie Collins pediu-lhe que escrevesse um romance policial, que era novidade então. Dickens iniciou, pois, em alguns meses, “The Mystery of Edwin Drood”.

Contratara a publicação da estória em 12 capítulos mensais numa revista e fizera questão de especificar, no contrato, que, se morresse, os direitos autorais seriam pagos aos seus herdeiros, exigência essa que nunca apresentara antes.

Terminado o sexto capítulo, morreu o autor sobre a mesa de trabalho, aos 58 anos de idade. Os leitores que vinham acompanhando mais aquela fascinante novela do mestre ficaram desolados, sem saber de que maneira Dickens desejava terminá-la, pois não deixou notas.

O problema, porém, não era insolúvel. No ano seguinte à sua morte, isto é, em 1871, um jovem americano chamado Thomas P. James, tipógrafo de profissão, errante por temperamento, foi parar num lugarejo por nome Bratteboro, no Estado de Vermont. Lá, hospedou-se na casa de uma senhora idosa que alugava quartos. Thomas tinha um fraco por moças bonitas e justamente ali em frente morava uma que o interessava no momento. A velha dona da casa praticava o Espiritismo e o tipógrafo, vez por outra, assistia às sessões. A 3 de outubro de 1872, Thomas informou à sua hospedeira que iria terminar o livro inacabado de Charles Dickens. A partir de então, recolhia-se com freqüência ao seu quarto e, ao cabo de algum tempo de meditação, como se estivesse em transe, escrevia febrilmente páginas e mais páginas, durante horas.

A despeito da discrição daqueles que sabiam do fato, a coisa acabou por transpirar e a casa da senhora foi invadida por curiosos e repórteres que desejavam testemunhar o fenômeno. Thomas P. James tivera pouca oportunidade de freqüentar a escola. Terminara seus estudos aos treze anos de idade, sem completar nem mesmo o curso primário. Era de temperamento folgazão e pouco dado à literatura. Ele próprio dizia, ao escrever os capítulos faltantes de “O Mistério de Edwin Drood”, que nada daquilo era seu, nada criava; apenas escrevia o que Dickens lhe ditava.

Por mais que se farejasse fraude, não foi possível admiti-la – a coisa era limpa e clara; o jovem tipógrafo estava escrevendo tal como Dickens, sabia de cada personagem, usava a linguagem inconfundível do grande romancista. O livro está aí para quem quiser ler, até hoje. A não ser que se conheça a sua gênese, não se pode dizer onde parou o Dickens “vivo” e onde retomou o Dickens “morto”, através da mediunidade de Thomas.

Sir Arthur Conan Doyle, o imortal criador de Sherlock Holmes, espírita convicto e esclarecido, mas pesquisador frio, promoveu uma investigação cuidadosa do assunto. Suas conclusões foram publicadas na “Fortnightly Review”, em dezembro de 1927. Thomas P. James nunca revelou talento literário, antes de “Edwin Drood”, e jamais voltou a escrever qualquer coisa parecida. No entanto, lá estavam o estilo de Dickens, seu vocabulário, sua técnica novelística, a psicologia das suas personagens. O veredicto de Sir Arthur é este: “Se é que isto é uma paródia, tem o raro mérito entre as paródias de nunca destacar ou exagerar as peculiaridades do original”.

Por ocasião do lançamento do livro, um jornal de Springfield, Mas., qualificou Thomas P. James de “digno sucessor de Dickens”. Outro órgão da imprensa, em Boston, foi mais claro e chegou mais perto da verdade: “James não poderia ter escrito este livro sem a ajuda de Dickens – seja ela espiritual ou de outra maneira que desconhecemos”.

Opinião sensata, leitor. Sobrevivente, Charles Dickens quis apenas demonstrar ao mundo uma verdade elementar que tanto custamos a admitir: a de que todos nós sobrevivemos à morte física, levamos para o plano espiritual a nossa bagagem psíquica, cultural e moral e que, finalmente, podemos entender-nos perfeitamente, Espíritos e homens.

O nosso querido Francisco Cândido Xavier – o Chico – também já escreveu, em mais de quarenta anos de mediunidade (1) , milhares e milhares de páginas de autoria de muitos Espíritos que se passaram para o lado de lá.


Título original : O Mistério de Edwin Drood
Autores:
Luciano dos Anjos e Hermínio C. Miranda
Fonte:
Livro: Crônicas de um e de Outro
(1) Este artigo foi escrito há mais de 20 anos, e o Chico continuava em atividade.

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2 Comentários

  1. Aqui. è Eliana , mãe de uma rosa preciosa , que chegou em minhas mãos com o nome de Thereza, viajou para o mundo do Pai Maior , onde , acredito em minha espiritualidade maior , que se encontra em planos de condições de esclarecimentos , amor e desapego total da materia , pois neste mundo viemos para aprender,errar e sempre perduar, digo sempre que estou de pé porque acredito em um mundo melhor de desapego , luto para amar brigar e fazer ele como um homen como fiz minha filha Thereza uma grande mulher. Agradeço a mensagem enviada e espero que ela continue mandando quando puder palavras de amor , pois nosso elo é maior que tudo. abraços atenciosos . Eliana nunes -Belem-Pa

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  2. Ja ententei remeter varias vezes meu depoimento de agradecimento onde , me peguei de supresa quanto li a psicografia de Thereza em partidas e chegadas vindas de São Paulo.pelo medium M.L.B. que a espiritualidade o cubra de muito amor , obrigada

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