A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA, BRASIL

Imagem por laradanielle
Na madrugada do último domingo, o Brasil se chocou com a mais de cem mortes no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Considerado o terceiro maior do mundo em casas de espetáculo. A partir daí, natural, que me surgissem as perguntas sobre as causas espirituais dessas mortes coletivas, o que poderia explicar? Infelizmente se criou no movimento espírita nacional um fatalismo às avessas, onde tudo se explica por um tal não foi “por acaso”, ressoando em explicações cármicas, em uma espécie de expiação de culpas passadas de uma única vez. As obras de Allan Kardec são, em verdade, a real referência que se deve ter acerca do que prega a doutrina, tudo o mais, por excelentes que sejam os seus canais receptores, são complementos que precisam ser confrontado com o que está no que nós espíritas chamados de codificação (Os livros lançados por Kardec).

O Espiritismo se propõe a ser uma religião calcada em uma fé raciocinada, mas, infelizmente, muitos companheiros pregadores, difusores da doutrina se esquecem deste essencial aspecto e enveredam pelo reducionismo de conceitos pragmáticos, de concepções limitadas. O Livros dos Espíritos traz no seu capítulo sobre Flagelos Destruidores, das perguntas 737 a 741, explicações que poderiam se aproxima a essas mortes resultadas de grandes tragédias, não, necessariamente, em casos como o em análise. Interessante a observar que nessas perguntas não se diz nada a respeito da reunião que não foi por acaso e coisas e tais. Chama-me em particular a atenção o que lemos na resposta 744 quanto ao “advento de uma melhor ordem de coisas” - o que vemos que de logo acontece em novas práticas e na 742 diz que: “ Muitos flagelos resultam da imprevidência do homem.”. Ora, não resta dúvida alguma que foi o caso do que aconteceu no Rio Grande do Sul, pois a banda que se apresentava acendeu um sinalizador como parte do show, em ambiente totalmente inadequado para aquela exibição. Dizer então que não aconteceu por acaso, que aquelas pessoas que morreram seguiram o seu carma, é reducionismo que apequena o livre arbítrio, ou institui o destino como algo pré-estabelecido, o que não é verdade. A irresponsabilidade humana, aliada a negligência ceifaram aquelas vidas e por isto, sim, os responsáveis criaram um carma negativo pesado.

É preciso que se pontue que quando se fala que não foi por acaso, precisamos dizer que o regime da situação em que nos encontramos, o estado de sociedade e cultura a que estamos submetidos e participamos, aí sim gera o que nada é por acaso. Não é por acaso que uma bala perdida atinja um morador de uma comunidade violenta, o local propicia, em tese, o que não deveria, a que isto aconteça. Dessa forma, o Brasil é um país de jeitinhos, o que não se pode descartar que não estamos livres de concessões, autorizações sem critério ou sem fiscalização devida, aí é que está o que não é por acaso. Aqueles jovens não precisavam morrer como morreram.
A partir do Blog do Medrado. Leia no original

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3 Comentários

  1. Eu posso até ser muito criticada pelo que vou dizer, mas francamente, não podemos" DECLARAR PENA DE MORTE" à ninguém neste episódio tão trágico de Santa Maria. Na verdade não existe um culpado a ser apontado, existe pelo que se percebe, uma série de erros lamentáveis. Praticamente TODAS as casas noturnas funcionam de forma ilegal, as autoridades têm conhecimento, nada fazem, os frequentadores também e estão ali se expondo ao risco. Aquele alçapão sempre foi um alçapão, é visível pela própria fachada espremida do prédio, mas só agora todos vêem. As comandas são exigidas em qualquer lugar, é normal e nunca ninguém reclamou. Nos depoimentos dos jovens na frente de outras boates eles relatam o comportamento dos seguranças que impedem a saída. TODAS os lugares adotam este sistema, os jovens mesmo declaram, mas mesmo assim eles estão ali, portanto estão cientes e autorizando esta prática. O Corpo de Bombeiros é negligente, favoreceu ou não, não se sabe. mas nós brasileiros, ou talvez, todo o mundo, de alguma maneira e em algum momento nos servimos de algum benefício, não podemos ser tão hipócritas para dizer que somos perfeitos. É normal entre nós "deixar passar", dar "uma força", pedir "um apoio" de maior ou menor importância. Não adianta levar ao desespero e ao suicídio os supostos donos do cubículo, pois é óbvio que eles assim como qualquer um sempre acharam que "nunca iria acontecer com eles ". O espetáculo era pirotécnico e dentro de um estabelecimento fechado mas não era para isto que a banda estava lá? A culpa é tão deste ou daquele, quanto de toda a sociedade. Foi uma trágica exposição da verdade de tudo o que vivemos, onde todos sabem de tudo, compactuam com tudo, se acomodam em tudo e só depois de uma barbaridade destas começam a se rebelar. Deus permita que a gente comece a se conscientizar e exigir de nós mesmos e dos outros as coisas como devem ser, para o nosso bem, para o bem de todos. Para dias de mais sossego, de mais tranquilidade, de mais paz. E que a gente ponha a mão na consciência e pare de jogar a culpa para um e para outro e faça cada um a sua parte para evitar que mais vidas se percam por negligência e descaso...E que a luz divina ampare e dê alento aos familiares e amigos destes que vieram e foram para nos mostrar quem somos...
    by Cecília de Assis Brasil —

    ESCREVI ESTE TEXTO NA MINHA PÁGINA DO FACEBOOCK NO DIA 31 DE JANEIRO.

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  2. Sou gaúcha, moro em São Gabriel, próximo à Santa Maria, tivemos 09 jovens mortos nesta tragédia, todos pessoas do meu convívio. Foi lamentável, uma barbaridade, uma monstruosidade, mas infelizmente somos todos culpados.

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  3. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=471117672947733&set=a.425659167493584.96225.134208313305339&type=3&theater

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