EXECUTIVA DO FACEBOOK RELATA LUTO E SUPERAÇÃO

Sheryl Sandberg, executiva do Facebook, e seu marido, David Goldberg, morto em 2015

“Plano B – Como Encarar Adversidades, Desenvolver Resiliência e Encontrar Felicidade”, que a editora Fontanar lança neste mês no Brasil, um livro sobre o luto de Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, que perdeu o marido ainda jovem numa situação inesperada.

Sandberg, que escreve o livro em parceria com o psicólogo Adam Grant, uma altíssima executiva da rede social, foi vice-presidente de vendas on-line do Google e trabalhou para Larry Summers como sua chefe de gabinete quando ele foi secretário do Tesouro americano, além de outras credenciais.

Mas seu novo livro trata a dor de uma mulher comum que encontrou o marido morto e precisar se sustentar em p, combatendo a própria prostração para amparar as crianças.

Quem consegue superar o sentimentalismo da primeira página, em que a viva relata o primeiro encontro romântico e a evoluo do casal na década de 1990, encontra rapidamente a descrição da morte de Dave Goldberg, o homem que apresentou a Sandberg a internet e músicas que ela nunca ouvira.

Goldberg morreu em 2015, de uma arritmia cardíaca provocada por doença coronariana, durante uma viagem de frias ao México com a mulher. Foi encontrado por ela morto no chão da academia. Ele era presidente-executivo da SurveyMonkey, empresa de ferramentas para pesquisas de opinião on-line.

Ainda na introdução, fica fácil notar que “Plano B”, número 1 de vendas na lista do “New York Times”, não é o primeiro sucesso da executiva no mercado editorial.

Ela escreveu o best-seller “Faça Acontecer”, um livro de conselhos feministas para mulheres no trabalho, e soube evitar que a narrativa de um drama pessoal seguida do discurso de resiliência se perdesse numa armadilha melodramática.

Se em “Faça Acontecer” a executiva de sucesso foi criticada por desconsiderar obstáculos enfrentados pelas mês de classe média –como horários escolares incompatíveis com a jornada de trabalho–, em “Plano B”, Sandberg mais democrática.

Uma das mulheres mais ricas dos EUA, a autora também reflete sobre consequências que costumam acompanhar o luto, mas escapam de sua realidade, como as dificuldades financeiras e o impacto do sofrimento no desempenho dos trabalhadores.

FRANQUEZA

Para além das construções características da autoajuda, como as lies de que “o humor pode nos tornar mais resilientes” ou de que preciso aprender com fracassos, Sandberg compartilha detalhes factuais, como a triste cena em que leva aos filhos a notícia da tragédia.

A franqueza com que ela expõe ao leitor os pormenores íntimos de seu luto contrasta com a personagem pouco espontânea de Sandberg enquanto celebridade do mundo corporativo.

Sem deixar de mencionar Mark Zuckerberg, ela lembra que foi ele um dos responsáveis por organizar o velório e narra o retorno ao escritório.

“Os primeiros dias de volta ao trabalho foram de absoluta névoa. Na primeira reunião, a única coisa em que eu conseguia pensar era: ‘Do que eles estão falando e que importância tem?’. Em certo momento, me envolvi com o debate e durante um segundo – talvez meio segundo – esqueci. Esqueci a morte.”

A memória da perseguição feminina pela liderança no trabalho, tão discutida em “Faça Acontecer”, fica latente durante a leitura de “Plano B” – em especial os trechos em que ela abordava a importância de ter um marido plenamente comprometido, que a incentivou a ter sucesso to grande quanto o dele nos negócios.

Plano B 
QUANTO: R$ 39,90 (216 PGS.)
AUTOR: SHERYL SANDBERG E ADAM GRANT
EDITORA: FONTANAR
A partir da Folha de S.Paulo. Leia no original

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