JOÃO BERBEL DIZ QUE DOM DA CURA ESTÁ NA FÉ

CURA ESPIRITUAL - O médium João Berbel à frente do
 retrato do médico Ismael Alonso y Alonso,
no Instituto de Medicina do Além, em Franca
Os mistérios da alma humana são realmente insondáveis. A despeito do avanço das ciências, da tecnologia e da racionalidade humana, ainda sabemos muito pouco sobre tudo e acabamos em conflito ou consonância com a força e os desafios da fé.

João Berbel talvez seja um bom exemplo dessa humanidade inexplicável que habita dentro de nós. Homem simples da roça, nascido na fazenda Monte Alegre, no município de Restinga, tinha tudo para seguir o caminho de milhões de brasileiros. Filho de agricultores, precisou trabalhar desde criança para ajudar no sustento da família, formada pelos pais e por mais cinco irmãos. Estudou apenas até a 4ª série e foi uma criança ativa e bagunceira. Na adolescência, com os amigos, aprontou poucas e boas pelas ruas de Franca.

Trabalhou na roça, foi pedreiro, sapateiro e mecânico. Depois que casou, abriu uma oficina mecânica. Mas quiseram os mistérios insondáveis da alma que essa vida previsível se transformasse completamente, de forma lenta.

Começou aos 13 anos de idade, com uma suposta epilepsia. “Eu tinha crises horríveis. Eu me via deitado, com aquela baba saindo da boca e várias pessoas ao meu lado. Ficava com muita vergonha”, lembra Berbel. Em 1976, aos 20 anos, conheceu Arlete Alves da Silva, com quem se casaria três anos depois. No segundo encontro, Berbel entrou em crise epilética. “Parecia que eu estava em uma briga. Eu gritava, dava socos. Quando acordei estava no hospital.”

E, por incrível que pareça, Arlete estava ao seu lado. Espírita que era, achou que havia alguma coisa errada. Logo que ele se recuperou, resolveu levá-lo a um centro espírita, algo que Berbel, de família extremamente católica, afirma ter sempre evitado. Porém, seguiu os conselhos de Arlete. Na primeira vez, sentiu algo estranho. Na segunda vez, ficou ao lado da mesa principal, em frente à assistência. “De repente, eu fiquei paralisado. Minhas mãos grudaram em meu peito e eu não conseguia me mexer. Foi muito estranho.”

A partir desse momento, ele percebeu seu poder mediúnico. Compreendeu, também, que a epilepsia era na verdade um espírito que o perseguia desde criança. “No começo, foi difícil me acostumar com isso. Inclusive, eu fazia muito teatro para que as pessoas acreditassem que estava possuído. Mas, com o tempo, eu fui me acostumando e aprendi a lidar com tudo isso”, diz.

Hoje, aos 56 anos de idade, Berbel afirma ter renunciado a muitas coisas para se adaptar a essa nova vida que abraçou, sobretudo quando o médico Ismael Alonso y Alonso resolveu aparecer-lhe, utilizando-o para o trabalho de cura espiritual. Alonso, filho de espanhóis, foi prefeito e vereador de Franca e era conhecido como o médico dos pobres. Morreu em 1964, em Franca.

Com mais de 182 livros psicofonados e editados, João Berbel é um dos mais conhecidos médiuns do país. Suas cirurgias espirituais já ultrapassaram fronteiras. Com reconhecimento internacional, tem atendido também nos EUA e Europa. Seu instituto, o IMA (Instituto de Medicina do Além), recebe aproximadamente 20 mil pessoas por mês, entre consultas, retornos e acompanhantes. Em seu laboratório, produz cerca de 3.500 kg de remédios fitoterápicos por mês. “Sou um médium, um intérprete da espiritualidade”, se define.

*  *  *

Como o senhor começou a fazer cirurgias espirituais?
João Berbel - Foi no grupo espírita da Vila São Sebastião. O dr. Alonso começou a aparecer e a realizar algumas curas. Mas eu não queria aceitar a cura espiritual. Eu tinha um pouco de medo porque achava que ainda não estava preparado para aquela responsabilidade. Em casa, tentei entrar em contato com o dr. Alonso para dizer-lhe que não queria aquilo. Mas nada. Um belo dia, quando eu estava tomando banho, ele apareceu. Eu estava nu, todo ensaboado. Vocês imaginem a minha vergonha. Enrolei-me na toalha e fiquei meio sem jeito com aquele homem bigodudo ali do meu lado. Só me tranquilizei depois que ele sorriu, percebendo minha aflição. Aí ele falou: “nós vamos fazer cirurgia espiritual e também vamos trabalhar com remédios fitoterápicos. E você não pode fugir disso”. Desse dia em diante, me convenci do que tinha que fazer.

O senhor chegava a cortar as pessoas com o bisturi?
Sim. Cortava, tirava olho...

 E o senhor nunca teve problemas por não ser médico?
Não. As pessoas gostavam e não sentiam dor na cirurgia. Tive problemas foi quando parei de cortar. Uma vez, o irmão de um rapaz operado quis me processar porque, como não havia nenhum corte aparente, o rapaz saiu de uma cirurgia de coluna e foi nadar na piscina da Francana. A cirurgia abriu e saiu sangue.

Mas como o senhor começou essas cirurgias?
A primeira vez foi na minha casa. Minha sogra estava com a gente e ela havia avisado algumas amigas. E havia uma senhora que estava muito doente. Era problema do coração e ela estava para ser operada, uma cirurgia difícil naquela época. Aí, a gente resolveu operar ela ali mesmo. E ela se curou. Ficou boa rapidamente e abriu a boca para todo mundo. Em uma semana, minha casa estava cheia de gente. Aí, a coisa começou a crescer e eu passei a fazer as cirurgias lá no centro espírita do Jardim Palmeiras. Montei o laboratório nos fundos da casa da minha sogra e fiquei trabalhando nesses dois lugares.

E a família da amiga da sua sogra deixou que o senhor a cortasse?
Havia sempre alguns familiares que resistiam, que não queriam que eu mexesse na pessoa. Mas, com o tempo, as pessoas perceberam que a coisa era séria e que não havia problemas.
Chico me disse : “João, meu filho, você é médium, não é médico. Nem médico gosta de cortar as pessoas, por que você está cortando”?
E quando o senhor parou de cortar as pessoas?
Uma vez, já depois de um bom tempo que eu havia começado as cirurgias, o dr. Alonso me disse que o Chico Xavier estava precisando da gente. Eu sempre pensei em conhecer o Chico, mas ainda não havia aparecido uma oportunidade. Então, cheguei em casa, fiz minhas orações e fui dormir. De repente, me vi levado para um sítio, onde havia várias pessoas. Tinha uma porta e só eu entrei. Depois o Chico chegou carregado em uma maca. Eu me aproximei e ele, com aquele seu jeito carinhoso, me disse umas palavras que eu lembro até hoje: “João, meu filho, você é médium, não é médico. Nem médico gosta de cortar as pessoas, por que você está cortando”?. Aquilo foi muito forte para mim. Voltei ao meu corpo e fiquei bem triste. Mas o dr. Alonso voltou e me disse de novo: “vamos lá, o Chico está precisando da gente”. Voltei e o Chico me disse: “João, meu filho, eu preciso que você faça uma cirurgia nas minhas cordas vocais. Meus irmãos espirituais me deram mais um tempo de vida e eu queria terminar esse tempo trabalhando. E só você pode me ajudar”. Aí eu coloquei uma mão na cabeça dele e outra em sua garganta e fiz como se fosse uma cirurgia. No dia seguinte, eu comentei com o Flávio, que cuida do jornal do centro Nova Era, sobre esse sonho esquisito. Na época, eu ainda não conhecia muito bem essas coisas. Ele não falou nada, mas uns 15 dias depois me mostrou um jornal espírita de Uberaba, no qual Chico Xavier afirmava que havia passado por uma cirurgia espiritual e que o médium não havia utilizado lâmina no bisturi, mas que ele tinha sentido o bisturi cortando as cordas vocais dele e agora ele já podia trabalhar. Mas ele não falou meu nome. Depois disso, eu larguei a lâmina e hoje só trabalho com a haste do bisturi.

O senhor poderia explicar em detalhes como é uma cirurgia espiritual?
Vocês se lembram de Jesus, quando Ele estava na terra e dizia: ‘não fui eu quem te curei, tua fé te curou’? Então o que cura as pessoas é essa fé. A gente não precisa estar com bisturi na mão. A gente só materializa a energia naquele momento. O que a pessoa precisa ter é aquela fé, aquela vontade.

Mas se é a fé, porque precisa de cirurgia?
Porque é com a cirurgia e com o tratamento que a gente consegue canalizar aquela energia positiva que tem dentro da pessoa. É claro que isso não é tão simples. Tenho visto e estudado muita coisa nesses anos. Há pessoas que recebem novas células espirituais, como se fosse um implante normal. Há, inclusive, pessoas que rejeitam essas células espirituais. Às vezes, a pessoa que fez uma cirurgia espiritual faz um exame e constata um corte internamente, mesmo que aparentemente não tenha nada. Em outras pessoas, é possível aparecer um corte sem que ele tenha sido feito. Agora, o que o espírito faz? Ele utiliza esse ectoplasma para plasmar aquela energia positiva dentro da pessoa, aquela energia que cura, a energia da fé.

O senhor poderia explicar melhor o que é essa energia?
Vocês já ouviram falar de uma pessoa que olha para uma planta e mata essa planta? Popularmente se diz “mal olhado”. Muitas vezes, a gente chega perto de uma pessoa e não se sente bem. Sente a boca apertada, vontade de passar a mão na cabeça. Pois essa é a energia, as chamadas correntes mentomagnéticas. São essas energias que nós trabalhamos, que se transformam na fé e naquela vontade de se curar.

Então, se eu não tiver fé não funciona?
Funciona! Porque você não sabe a fé que você tem. Às vezes, você fala que não tem fé, mas depois descobre que tem mais fé do que muita gente que está dentro da igreja. Tem pessoas que dizem que não têm fé, mas, na hora do aperto, ajoelham diante de um toco e chamam o toco de Deus. A nossa fé é uma coisa que a gente não conhece muito bem.

O senhor fala muito de fé. Será que poderia resumir o que é essa fé?
A fé é o perdão de nós para nós mesmos, porque o perdão é a plenitude máxima do amor empregado em nós mesmos. Então a fé é aquela vontade, que age acima da razão, com toda a força possível.

O senhor tratou o ator Reynaldo Gianecchini, que foi diagnosticado com um linfoma, um caso de grande repercussão nacional. Como foi isso?
Na verdade, eu não fui a São Paulo pelo Gianecchini. Fui tratar um grande amigo, companheiro de pescaria, uma das coisas que eu mais gosto na vida. Como o Gianecchini também estava internado no Sírio Libanês, a tia dele, a Roberta, que é uma amiga muito querida, me pediu para atendê-lo também, o que eu fiz com muito prazer. Eu o atendi duas vezes. Depois disso, sua tia Roberta continuou o tratamento à distância. O pai dele, esse tratou muito tempo aqui comigo.

O que o senhor sentiu quando o viu o ator na cama do hospital?
Quando entrei, eu percebi que ele não estava doente. Senti as vibrações do lugar e percebi que aquilo era apenas um “puxão de orelhas” da espiritualidade. Assim que o atendi, percebi que ele não iria desencarnar com essa doença. Ele é uma pessoa fantástica, maravilhosa. Uma pessoa muito boa e humilde.

A partir do JC. Leia no original

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1 Comentários

  1. Tudo , a que se refere ,é feita em uma unica palavra FÉ ,pois pago a viagem de minha filha que saiu para ,a verdadeira vida em julho de 2008, sobrevivo e sobrevivi pois Deus e Maria , colocam um suporte ,pois a minha amada continua viva , no verdadeiro Lar , tenho que olhar por ela para que não olhe para tras, e cuidar de meu filho que forma este ano.E marido com problemas e a todos que ainda tenho como missão.Esta partida é um tampão de rosas que o chorar logo é acalentado. Eliana

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