A RELIGIÃO QUE TE FAZ BEM

Conta-se que Leonardo Boff, num intervalo de uma conversa de mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, perguntou ao Dalai Lama: “Qual a melhor religião?” O teólogo esperava que ele dissesse: É o budismo tibetano. Ou são as religiões orientais, muito mais antigas que o cristianismo. Mas Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, e afirmou: “A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor”. O teólogo brasileiro, então, perguntou: “O que me faz melhor?”

“Aquilo que te faz mais compassivo; aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...”, sentenciou Dalai Lama. 

Reproduzimos aqui esta história, por si só completa, para responder a amigos, leitores e, embora assim não os considere, “inimigos”. Isto porque, com mais de 210 mil visitas em menos de dois anos de existência, o blog passou a ser alvo de patrulhamento de companheiros espíritas e de críticas de pessoas que possuem crença diversa. De um lado, os seguidores do Espiritismo exigem que este espaço se preste à doutrinação e à discussão de temas particularmente caros aos frequentadores das casas espíritas. E, por outro lado, os detentores de outra convicção religiosa usam do espaço para comentários para, anonimamente, criticar e buscar “abrir os olhos” dos simpatizantes para os supostos “absurdos”, invariavelmente relacionados à crença da vida após a morte.

Há dias pensava em escrever sobre isto e buscarei ser breve, apenas no intuito de dar um singelo recado. Este espaço foi criado para levar consolo e entendimento a pessoas atingidas pela dor da perda; jamais para ser instrumento de conversão ou palco da defesa intransigente de convicções pessoais, mesmo que se fundem estas nos pilares do Espiritismo. Como regra, aliás, não promovemos a discussão estéril de temas notadamente espíritas (tão usuais), mas que não levam a nada. 

Sites, listas de discussão e grupos espíritas tem o péssimo hábito de perder-se em temas abstratos, teóricos e desimportantes, como a reencarnação de Emmanuel; o caráter do Espiritismo como religião ou mesmo a identidade do espírito de André Luiz. E, embora reconheça o interesse de um grande número de amigos por assuntos desse tipo, garanto que jamais verão a repercussão de algo parecido neste blog. Simplesmente porque entendemos o espiritismo (e de resto todas as crenças) como uma coleção de regras de conduta e não como uma lista de dogmas a serem seguidos. 

No relato acima, Dalai Lama foi ao centro da questão: a religião deve nos ser útil para a vida, promotora de melhorias em nossa alma. Por isto digo, também, aos supostos “adversários” : não haverá religião mais certa, mais errada, mas sim aquela que é mais adequada para as necessidades desta ou daquela pessoa. Se ela estiver promovendo a evolução moral, independente do nome que leve, será uma ótima religião. Como disse Kardec, “toda crença é respeitável quando conduz à prática do bem”. Ao contrário, se ela prega o sectarismo, a intolerância e a violência, é óbvio que ainda não cumpre adequadamente sua missão como religião.

Devemos nos esforçar para entender o sentido da vida, para nos tornarmos melhores; investirmos em tudo aquilo que nos faz mais compreensivos, mais sensíveis, mais amorosos, mais responsáveis. E, evidentemente, qualquer indivíduo pode alcançar este entendimento até mesmo sem religião, sem nem mesmo crer em Deus. Mas, de nossa parte, procuramos dentro de nós aquela religião que nos fale à alma, que nos console e que nos promova como espíritos imortais que somos. Sem teorias, sem sectarismo e, principalmente, sem nos acharmos detentores de toda a verdade. 

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